segunda-feira, 27 de abril de 2009

O LEITOR


O leitor é um membro da comunidade a quem foi confiado o serviço de aprofundar e detectar o dinamismo, o mistério e a força da Palavra de Deus, para poder proclamá-la na assembléia litúrgica. O leitor cristão deve sentir-se responsável pela Palavra que proclama na assembléia, para a edificação da comunicação.O serviço comunitário de leitor na celebração tem uma importância particular, em virtude da própria realidade da Palavra. Para transformar-se em acontecimento salvífico, esta última precisa ser anunciada por alguém. O leitor, como “homem da palavra”, como profeta, imprime vida à palavra escrita na Bíblia, a fim de que possa ser escutada e acolhida pela assembléia como Palavra de Deus.O leitor, por assim dizer, é uma pessoa simbólica-sacramental. Ele anuncia a Palavra em nome de que um dia a pronunciou, suscitando a vida nova: “sua missão é tornar presente Jesus Cristo, ser profeta e pregador deste e anunciar a Boa Nova aos irmãos e irmãs que escutam sua Palavra e louvam o Pai”. A proclamação da palavra na assembléia litúrgica é sempre uma realidade densa da presença atual do Ressuscitado. É Cristo vivo que, pela voz do leitor, convida os ouvintes a viver o memorial de sua vida, morte e ressurreição, com vistas à conversão e à salvação.Para que a assembléia tenha um vivido amor pela Sagrada Escritura, mediante a escuta das leituras, torna-se necessário um bom desempenho do ministério de leitor, fruto de uma esmerada preparação espiritual, bíblica e litúrgica.A instrução bíblica deve ter como objetivo capacitar os leitores a perceber o sentimento das leituras em seu próprio contexto e a entender à luz da fé o núcleo central da mensagem revelada. A instrução litúrgica deve facilitar aos leitores certa percepção do sentido e da estrutura da liturgia da palavra e as razões da conexão entre liturgia da palavra e liturgia eucarística.Além disso, há preparação técnica, que tem como objetivo: “fazer que os leitores fiquem cada dia mais aptos para a arte de ler diante do povo, seja de viva voz, seja com a ajuda dos modernos instrumentos de amplificação de voz”.É inconcebível uma proclamação da Palavra de Deus sem entusiasmo, autoconsciência ou uma convicção que proceda do coração. O pregador da Boa Nova na liturgia não pode ter a postura de um leitor de jornal ou de um funcionário público que lê um decreto. Pode ocorrer até de uma pessoa fazer uma perfeita leitura do texto bíblico, sem estar convencida do que está lendo. Espera-se do ministro da Palavra de Deus uma atuação espiritual, isto é, animada pela força que vem de dentro, do coração, própria de quem se sente tocado pela palavra que pronuncia. O leitor litúrgico que não transmite vibração nem convicção à assembléia dá mostras de um desempenho deficiente de seu ministério.Por outro lado, quem proclama a Palavra de Deus deve ter consciência de anunciar sempre uma Boa Nova. Dessa forma, seu rosto, sua voz, sua postura e tudo nele deve expressar essa feliz novidade. Quando a Palavra é proclamada com os sentimentos que correspondem à sua mensagem (alegria, esperança, tristeza, ameaça), abre-se o caminho para compreensão e a vivência do mistério anunciado.

* TÉCNICAS DE LEITURA - Além de saber da importância da proclamação da Palavra e das condições interiores do leitor, é necessário que este se esforce por adquirir uma adequada competência técnica, com o fim de aprender a usar corretamente a própria voz e, portanto, favorecer a transmissão da mensagem que é chamado a anunciar através da comunicação oral, isto é, a Palavra de Deus. Portanto, a técnica, isto é, o modo de ler e de interpretar o texto não é um algo a mais ou um luxo: é, ao invés, a primeira condição para que suscite um mínimo de interesse e de escuta.Os princípios e as condições fundamentais que são necessários conhecer e colocar em prática podemos resumir em oito pontos.
A) A RESPIRAÇÃO - É muito importante aprender a efetuar uma respiração correta, ou seja, abdominal e não somente torácica (coisa que se obtém fazendo amplo uso do diafragma), e suficientemente profunda. Somente assim se consegue a emitir uma voz válida seja qualitativamente que quantitativamente.
B) A VOZ - Com uma correta respiração, se pode utilizar melhor as possibilidades do aparato vocal. Cada um precisa descobrir em qual registro sua voz sai mais naturalmente: aguda, média ou grave. É claro que somente através de uma série de exercícios específicos se pode obter resultados apreciáveis.
C) AS PAUSAS - Saber fazer as pausas no momento justo e no modo justo é condição indispensável a fim de que quem escuta entenda aquilo que está sendo lido. Preparar uma leitura significa, portanto, antes de tudo, individuar as pausas que devam ser feitas, seja aquelas sintáticas (as que vem estabelecidas pela pontuação) seja aquelas “expressivas” (que são conforme o leitor e contribuem para adquirir a justa interpretação à leitura), distinguindo entre aquelas longas e aquelas breves.
D) O RITMO - A maior parte dos leitores lêem muito rápido: a velocidade com a qual se lê deve ser decisivamente mais lenta que na comum conversação, porque necessita deixar o tempo às palavras não somente de ser pronunciadas, mas, sobretudo, de ser entendida. Além disto, a velocidade deve variar segundo o gênero literário do texto que se lê. Em cada caso o ritmo da frase deve ser fluente e uniforme, não a toda pressa.
E) O VOLUME - A leitura em público requer que se fale com um volume mais alto daquele que se usaria na conversa habitual, ainda que tenha um microfone; por outra parte, em público precisa sempre falar dirigindo-se às pessoas que estão mais distante.
F) A ENTONAÇÃO - Um defeito muito comum é a leitura feita com uma entonação não natural. Precisa, em vez, ler sempre com uma entonação cômoda, isto é, nem muito alta nem muito baixa, dando atenção para alguns erros muito comuns, que muito contribuem para uma leitura cansativa e incompreensível: evitar a cantoria, especialmente na leitura dos salmos, cânticos, hinos, etc.; recordar-se de abaixar o tom para evidenciar os incisos e as frases afirmativas (muito comuns, por exemplo nas cartas de Paulo); nas frases interrogativas, evitar de cair o acento interrogativo sobre a última palavra, apesar que deve cair sobre o verbo principal; não deixar cair a entonação da voz ao final da frase.
G) A EMOÇÃO - Não se pode omitir de dar emoção ao interpretar a leitura, mas precisa faze-la com extremo senso de medida. Não se deve ler de modo chato como se não nos interessasse aquilo que lemos, antes, devemos colocar todo nosso ímpeto, o nosso entusiasmo, a nossa alegria de anunciador da Palavra. Mas não se deve nem mesmo exceder na emoção nem “dramatizar” por causa do medo de ser monótono ou por desejar dar uma interpretação muito pessoal: não devemos esquecer que a Palavra que lemos é de Deus, não nossa.
H) A ARTICULAÇÃO - É sem dúvida o aspecto técnico mais complexo e mais difícil de realizar e é por este motivo que é oportuno preocupar-se antes de tudo de colocar em prática as lições enumeradas nos pontos precedentes. Isto não significa que não seja importante estudar este ponto, isto é a pronúncia correta seja das vogais que as consoantes.
I) O MICROFONE - Uma vez que quase não existem mais igrejas sem som, é indispensável saber usar bem o microfone, isto é, desfrutar o máximo a sua potencialidade, evitando que se torne um instrumento de tortura para a assembléia. Algumas regras práticas: antes de iniciar a ler, regular sempre o microfone mais ou menos à altura da boca, porém uns vinte centímetros distante da boca (esta distância pode ser variada pela qualidade do microfone, da voz, ou se quiser dar um destaque na leitura); não falar exatamente em direção do microfone, mas ligeiramente colocado ao lado, a fim de evitar os rumores desagradáveis que se produzem quando se pronunciam no microfone as consoantes explosivas (p e b) e aquelas sibilantes (s e z); se for necessário falar e cantar junto com a assembléia necessita faze-lo soto-voz para não cobrir a assembléia mesma.
3) EM FRENTE DA ASSEMBLÉIA -
*No momento de proclamar a leitura, suba ao ambão com tranqüilidade.
* Coloque-se em pé, com a cabeça erguida: as costas retas para poder respirar melhor; as mãos no ambão com o Livro. Onde houver microfone, veja se está ligado e se está na altura e na distância certa.
* Olhe para a assembléia, “reúna”, “chame” o povo com o olhar...; jogue como que uma ponte até as últimas fileiras; estabeleça contato. Tudo isto em silêncio. (É o silêncio que valoriza a palavra). Não olhe com cara feia, mas deixe que o seu rosto exprima um pouco os sentimentos do Senhor Jesus para com o seu povo.
* Faça a leitura, de maneira calma e pausada, com dicção clara, e observando tudo o que ficou dito acima. Não perca o contato com a assembléia.* No final da leitura, aguarde a resposta da assembléia e depois, tranqüilamente, deixe o ambão e volte a seu lugar.

9 comentários:

  1. Ótimos todos os comentários feitos acima! Esclareceu muito!!!!!!! Obrigada

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  2. Paz e Bem


    Sou ministr da Palavra na Paróquia São Sabastião e São Vicente / Belo Horizonte-MG

    Agradeço a Deus por receber as formações Liturgicas, que com muito carinho nosso Paroco nos preparou.

    Parabéns a vocês por disponibilizar esse valioso artigo a muitos que infelismente não tiveram ainda formação.

    Deus abençoe a todos vocês e continuem sempre evangelizando.

    Aproveito a oportunidade e convido a visitar o blog da PSSSV

    http://psssv.blogspot.com


    "porque o viver pra mim Cristo, e o morrer e ganho"
    (Fil 1,21)

    Gualter (Nescau)

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  3. Muito criativo e dinâmico. utilizei algo num curso nosso aqui na Paróquia São João Batista na Cidade de Almenara- Minas Gerais.
    Nossa equipe montou uma apostila que inclui também TÈCNICAS COM VIDEOS PARA FACILITAR DICÇÂO...

    contato para apostila: jamesjesuino@yahoo.com.br

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  4. ótimo,tudo está de acordo com a instrução que tive sobre ser leitor. vou imprimir e repassar para outros leitores.

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  5. Gostei muito, pois estava precisando muito dessas instruções para repassar para outros irmãos leitores.
    Dulce - Paróquia de São Sebastião - Lagoa de Itaenga-PE.

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  6. obrigada, vou assumir as orietaçoes fazendo de de maneira correta, pois sou uma nova leitora,quero fazer bem feito .PAROQUIA SANTO ANTONIO.PRAZERES JABOATAO DOS GUARARAPES.

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  7. e muito boa essas orientaçoes,vou repassar para quem faz liturgia da palavra.PAROQUIA SANTO ANTONIO. PRAZERES JABOATAO DOS GURARAPES- PERNAMBUCO-BRASIL.

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  8. òtimas orientações. Eu e minha esposa fazemos parte do Serviço de Animação Litúrgico (SAL), nos foi administrado um Curso onde se abordou os modos corretos para o Ministério. Realmente este artigo veio a acrescentar e vou indicá-lo aos colegas de Ministério. Paz e Bem !!

    Paulo e Jordana

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  9. Gostei muito deste artigo. Estava precisando de algum assim para me aperfeiçoar neste ministério.
    Sou auto-didacta nestas matérias, pois pretendo exercer esta tarefa com perfeição.
    Vou repassar para os meus irmãos na paróquia.
    Arquidiocese de Luanda - Paróquia S. Carlos Luanga - Angola

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