segunda-feira, 27 de abril de 2009

O LEITOR


O leitor é um membro da comunidade a quem foi confiado o serviço de aprofundar e detectar o dinamismo, o mistério e a força da Palavra de Deus, para poder proclamá-la na assembléia litúrgica. O leitor cristão deve sentir-se responsável pela Palavra que proclama na assembléia, para a edificação da comunicação.O serviço comunitário de leitor na celebração tem uma importância particular, em virtude da própria realidade da Palavra. Para transformar-se em acontecimento salvífico, esta última precisa ser anunciada por alguém. O leitor, como “homem da palavra”, como profeta, imprime vida à palavra escrita na Bíblia, a fim de que possa ser escutada e acolhida pela assembléia como Palavra de Deus.O leitor, por assim dizer, é uma pessoa simbólica-sacramental. Ele anuncia a Palavra em nome de que um dia a pronunciou, suscitando a vida nova: “sua missão é tornar presente Jesus Cristo, ser profeta e pregador deste e anunciar a Boa Nova aos irmãos e irmãs que escutam sua Palavra e louvam o Pai”. A proclamação da palavra na assembléia litúrgica é sempre uma realidade densa da presença atual do Ressuscitado. É Cristo vivo que, pela voz do leitor, convida os ouvintes a viver o memorial de sua vida, morte e ressurreição, com vistas à conversão e à salvação.Para que a assembléia tenha um vivido amor pela Sagrada Escritura, mediante a escuta das leituras, torna-se necessário um bom desempenho do ministério de leitor, fruto de uma esmerada preparação espiritual, bíblica e litúrgica.A instrução bíblica deve ter como objetivo capacitar os leitores a perceber o sentimento das leituras em seu próprio contexto e a entender à luz da fé o núcleo central da mensagem revelada. A instrução litúrgica deve facilitar aos leitores certa percepção do sentido e da estrutura da liturgia da palavra e as razões da conexão entre liturgia da palavra e liturgia eucarística.Além disso, há preparação técnica, que tem como objetivo: “fazer que os leitores fiquem cada dia mais aptos para a arte de ler diante do povo, seja de viva voz, seja com a ajuda dos modernos instrumentos de amplificação de voz”.É inconcebível uma proclamação da Palavra de Deus sem entusiasmo, autoconsciência ou uma convicção que proceda do coração. O pregador da Boa Nova na liturgia não pode ter a postura de um leitor de jornal ou de um funcionário público que lê um decreto. Pode ocorrer até de uma pessoa fazer uma perfeita leitura do texto bíblico, sem estar convencida do que está lendo. Espera-se do ministro da Palavra de Deus uma atuação espiritual, isto é, animada pela força que vem de dentro, do coração, própria de quem se sente tocado pela palavra que pronuncia. O leitor litúrgico que não transmite vibração nem convicção à assembléia dá mostras de um desempenho deficiente de seu ministério.Por outro lado, quem proclama a Palavra de Deus deve ter consciência de anunciar sempre uma Boa Nova. Dessa forma, seu rosto, sua voz, sua postura e tudo nele deve expressar essa feliz novidade. Quando a Palavra é proclamada com os sentimentos que correspondem à sua mensagem (alegria, esperança, tristeza, ameaça), abre-se o caminho para compreensão e a vivência do mistério anunciado.

* TÉCNICAS DE LEITURA - Além de saber da importância da proclamação da Palavra e das condições interiores do leitor, é necessário que este se esforce por adquirir uma adequada competência técnica, com o fim de aprender a usar corretamente a própria voz e, portanto, favorecer a transmissão da mensagem que é chamado a anunciar através da comunicação oral, isto é, a Palavra de Deus. Portanto, a técnica, isto é, o modo de ler e de interpretar o texto não é um algo a mais ou um luxo: é, ao invés, a primeira condição para que suscite um mínimo de interesse e de escuta.Os princípios e as condições fundamentais que são necessários conhecer e colocar em prática podemos resumir em oito pontos.
A) A RESPIRAÇÃO - É muito importante aprender a efetuar uma respiração correta, ou seja, abdominal e não somente torácica (coisa que se obtém fazendo amplo uso do diafragma), e suficientemente profunda. Somente assim se consegue a emitir uma voz válida seja qualitativamente que quantitativamente.
B) A VOZ - Com uma correta respiração, se pode utilizar melhor as possibilidades do aparato vocal. Cada um precisa descobrir em qual registro sua voz sai mais naturalmente: aguda, média ou grave. É claro que somente através de uma série de exercícios específicos se pode obter resultados apreciáveis.
C) AS PAUSAS - Saber fazer as pausas no momento justo e no modo justo é condição indispensável a fim de que quem escuta entenda aquilo que está sendo lido. Preparar uma leitura significa, portanto, antes de tudo, individuar as pausas que devam ser feitas, seja aquelas sintáticas (as que vem estabelecidas pela pontuação) seja aquelas “expressivas” (que são conforme o leitor e contribuem para adquirir a justa interpretação à leitura), distinguindo entre aquelas longas e aquelas breves.
D) O RITMO - A maior parte dos leitores lêem muito rápido: a velocidade com a qual se lê deve ser decisivamente mais lenta que na comum conversação, porque necessita deixar o tempo às palavras não somente de ser pronunciadas, mas, sobretudo, de ser entendida. Além disto, a velocidade deve variar segundo o gênero literário do texto que se lê. Em cada caso o ritmo da frase deve ser fluente e uniforme, não a toda pressa.
E) O VOLUME - A leitura em público requer que se fale com um volume mais alto daquele que se usaria na conversa habitual, ainda que tenha um microfone; por outra parte, em público precisa sempre falar dirigindo-se às pessoas que estão mais distante.
F) A ENTONAÇÃO - Um defeito muito comum é a leitura feita com uma entonação não natural. Precisa, em vez, ler sempre com uma entonação cômoda, isto é, nem muito alta nem muito baixa, dando atenção para alguns erros muito comuns, que muito contribuem para uma leitura cansativa e incompreensível: evitar a cantoria, especialmente na leitura dos salmos, cânticos, hinos, etc.; recordar-se de abaixar o tom para evidenciar os incisos e as frases afirmativas (muito comuns, por exemplo nas cartas de Paulo); nas frases interrogativas, evitar de cair o acento interrogativo sobre a última palavra, apesar que deve cair sobre o verbo principal; não deixar cair a entonação da voz ao final da frase.
G) A EMOÇÃO - Não se pode omitir de dar emoção ao interpretar a leitura, mas precisa faze-la com extremo senso de medida. Não se deve ler de modo chato como se não nos interessasse aquilo que lemos, antes, devemos colocar todo nosso ímpeto, o nosso entusiasmo, a nossa alegria de anunciador da Palavra. Mas não se deve nem mesmo exceder na emoção nem “dramatizar” por causa do medo de ser monótono ou por desejar dar uma interpretação muito pessoal: não devemos esquecer que a Palavra que lemos é de Deus, não nossa.
H) A ARTICULAÇÃO - É sem dúvida o aspecto técnico mais complexo e mais difícil de realizar e é por este motivo que é oportuno preocupar-se antes de tudo de colocar em prática as lições enumeradas nos pontos precedentes. Isto não significa que não seja importante estudar este ponto, isto é a pronúncia correta seja das vogais que as consoantes.
I) O MICROFONE - Uma vez que quase não existem mais igrejas sem som, é indispensável saber usar bem o microfone, isto é, desfrutar o máximo a sua potencialidade, evitando que se torne um instrumento de tortura para a assembléia. Algumas regras práticas: antes de iniciar a ler, regular sempre o microfone mais ou menos à altura da boca, porém uns vinte centímetros distante da boca (esta distância pode ser variada pela qualidade do microfone, da voz, ou se quiser dar um destaque na leitura); não falar exatamente em direção do microfone, mas ligeiramente colocado ao lado, a fim de evitar os rumores desagradáveis que se produzem quando se pronunciam no microfone as consoantes explosivas (p e b) e aquelas sibilantes (s e z); se for necessário falar e cantar junto com a assembléia necessita faze-lo soto-voz para não cobrir a assembléia mesma.
3) EM FRENTE DA ASSEMBLÉIA -
*No momento de proclamar a leitura, suba ao ambão com tranqüilidade.
* Coloque-se em pé, com a cabeça erguida: as costas retas para poder respirar melhor; as mãos no ambão com o Livro. Onde houver microfone, veja se está ligado e se está na altura e na distância certa.
* Olhe para a assembléia, “reúna”, “chame” o povo com o olhar...; jogue como que uma ponte até as últimas fileiras; estabeleça contato. Tudo isto em silêncio. (É o silêncio que valoriza a palavra). Não olhe com cara feia, mas deixe que o seu rosto exprima um pouco os sentimentos do Senhor Jesus para com o seu povo.
* Faça a leitura, de maneira calma e pausada, com dicção clara, e observando tudo o que ficou dito acima. Não perca o contato com a assembléia.* No final da leitura, aguarde a resposta da assembléia e depois, tranqüilamente, deixe o ambão e volte a seu lugar.

domingo, 26 de abril de 2009

LITURGIA DO 3º DOMINGO DA PÁSCOA


Anim. Neste encontro dominical e pascal com Jesus, como os discípulos de Emaús e seus companheiros, acolhamos o Ressuscitado, que nos vem conceder a paz e abrir nosso coração à inteligência das Escrituras. Rezemos, em comunhão com a Região Episcopal Lapa, que hoje realiza a peregrinação à catedral da Sé, cumprindo mais uma etapa da programação do ano paulino. Ainda, no contexto do ano paulino, rezemos também pela romaria arquidiocesana a Aparecida, no próximo domingo, e preparemo-nos para este grande evento de piedade mariana e de compromisso com ideais do Apóstolo dos povos e Patrono da nossa Igreja local.


1. ABERTURA (HL 2 p.175 - CD X Fx1)
O Senhor ressurgiu, ale­luia, aleluia! É o Cordei­ro pascal, aleluia, aleluia! Imolado por nós, aleluia, aleluia! É o Cristo, Senhor, ele vive e venceu, ale­luia!
1. O Cristo Senhor ressuscitou, a nossa esperança realizou; vencida a morte para sempre, triunfa a vida eternamente!
2. O Cristo remiu a seus irmãos, ao Pai os conduziu por sua mão; no Espírito Santo unida esteja a família de Deus, que é a Igreja!
3. O Cristo, nossa Páscoa, se imolou, seu sangue da morte nos livrou; incólumes o mar atraves­sa­mos, e à Terra Prometida cami­nha­mos!

2. SAUDAÇÃO

3. ATO PENITENCIAL
P.
No dia em que celebramos a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, também nós somos convidados a morrer ao pecado e ressurgir para uma vida nova. Reconheçamo-nos necessitados da misericórdia do Pai.
(Silêncio)
P. Senhor, que sois o eterno sacerdote da nova Aliança tende piedade de nós.
T.
Senhor, tende piedade de nós.
P. Cristo, que nos edificais como pedras vivas no templo santo de Deus, tende piedade de nós.
T.
Cristo, tende piedade de nós.
P. Senhor, que nos tornais concidadãos dos santos no reino dos céus, tende piedade de nós.
T.
Senhor, tende piedade de nós.
P. Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.
T.
Amém.
4. HINO DE LOUVOR (CO 915)
1. Glória a Deus nos altos céus, paz na terra a seus amados, a vós louvam, Rei celeste, os que foram libertados.
Glória a Deus lá nos céus, e paz aos seus. Amém!
2. Deus e Pai, nós vos louvamos, adoramos, bendizemos; damos glória ao vosso nome, vossos dons agradecemos!
3. Senhor nosso, Jesus Cristo, Unigênito do Pai, vós de Deus Cordeiro santo, nossas culpas perdoai!
4. Vós que estais junto do Pai, como nosso intercessor, acolhei nossos pedidos, atendei nosso clamor!
5. Vós somente, sois o santo, o Altíssimo, o Senhor, com o Espírito divino de Deus Pai no esplendor! Amém.

5. ORAÇÃO
P. Oremos (silêncio): Ó Deus, que o vosso povo sempre exulte pela sua renovação espiritual, para que, tendo recuperado agora com alegria a condição de filhos de Deus, espere com plena confiança o dia da ressurreição. Por N.S.J.C.
T. Amém.
Anim.
O Ressuscitado abre a inteligência dos discípulos para compreenderem as Escrituras, segundo as quais, onde há conversão e perdão, pode-se comprovar o triunfo pascal de Jesus. Abramos os ouvidos para escutar a Palavra:

6. PRIMEIRA LEITURA (At 3,13-15.17-19)
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias,
Pedro se dirigiu ao povo, dizendo:
13”O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó,
o Deus de nossos antepassados
glorificou o seu servo Jesus.
Vós o entregastes e o rejeitastes diante de Pilatos,
que estava decidido a soltá-lo.
14Vós rejeitastes o Santo e o Justo,
e pedistes a libertação para um assassino.
15Vós matastes o autor da vida,
mas Deus o ressuscitou dos mortos,
e disso nós somos testemunhas.
17E agora, meus irmãos,
eu sei que vós agistes por ignorância,
assim como vossos chefes.
18Deus, porém, cumpriu desse modo
o que havia anunciado pela boca de todos os profetas:
que o seu Cristo haveria de sofrer.
19Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos,
para que vossos pecados sejam perdoados”.
– Palavra do Senhor.
T. Graças a Deus.


7. SALMO RESPONSORIAL Sl 4
(HL 2 p, 75 CD X Fx2)
Sobre nós fazei brilhar o esplendor * de vossa face, ó Deus do universo!
1. Quando eu chamo, respondei-me, * ó meu Deus, minha justiça! * Vós que soubestes aliviar-me * nos momentos de aflição, * atendei-me por piedade * e escutai minha oração!
2. Compreendei que nosso Deus * faz maravilhas por seu servo * e que o Senhor me ouvirá, * quando lhe faço minha prece.
3. Muitos há que se perguntam: * “Quem nos dá felicidade?” * Sobre nós fazei brilhar * o esplendor de vossa face!
4. Eu tranqüilo vou deitar-me * e na paz logo adormeço, * pois só vós, ó Senhor Deus, * dais segurança à minha vida!

8. SEGUNDA LEITURA (1Jo 2,1-5)
Leitura da Primeira Carta de João

1Meus filhinhos,
escrevo isto para que não pequeis.
No entanto, se alguém pecar,
temos junto do Pai um Defensor:
Jesus Cristo, o Justo.
2Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados,
e não só pelos nossos,
mas também pelos pecados do mundo inteiro.
3Para saber que o conhecemos,
vejamos se guardamos os seus mandamentos.
4Quem diz: “Eu conheço a Deus”,
mas não guarda os seus mandamentos,
é mentiroso, e a verdade não está nele.
5Naquele, porém, que guarda a sua palavra,
o amor de Deus é plenamente realizado.
- Palavra do Senhor.
T. Graças a Deus.

9. ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
(CD X Fx 3)

Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia! * Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia!
Senhor, Jesus, revelai-nos o sentido da Escritura, * fazei o nosso coração arder, * quando nos falardes!

10. EVANGELHO (Lc 24,35-48)
P.
O Senhor esteja convosco.
T.
Ele está no meio de nós.
P. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
T.
Glória a vós, Senhor.
P. Naquele tempo,
35os dois discípulos contaram
o que tinha acontecido no caminho,
e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.
36Ainda estavam falando,
quando o próprio Jesus apareceu no meio deles
e lhes disse:
“A paz esteja convosco!”
37Eles ficaram assustados e cheios de medo,
pensando que estavam vendo um fantasma.
38Mas Jesus disse:
“Por que estais preocupados,
e por que tendes dúvidas no coração?
39Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo!
Tocai em mim e vede!
Um fantasma não tem carne nem ossos,
como estais vendo que eu tenho”.
40E dizendo isso,
Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés.
41Mas eles ainda não podiam acreditar,
porque estavam muito alegres e surpresos.
Então Jesus disse:
“Tendes aqui alguma coisa para comer?”
42Deram-lhe um pedaço de peixe assado.
43Ele o tomou e comeu diante deles.
44Depois disse-lhes:
“São estas as coisas que vos falei
quando ainda estava convosco:
era preciso que se cumprisse tudo
o que está escrito sobre mim
na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.
45Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos
para entenderem as Escrituras,
46e lhes disse:
“Assim está escrito:
‘O Cristo sofrerá
e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia
47e no seu nome, serão anunciados
a conversão e o perdão dos pecados
a todas as nações começando por Jerusalém’.
48Vós sereis testemunhas de tudo isso”.
– Palavra da salvação.
T. Glória a vós, Senhor.


11. PROFISSÃO DE FÉ
P.
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
T.
Criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na vida eterna. Amém.

12. ORAÇÃO DOS FIÉIS
P.
Invoquemos a Deus Pai, iluminados pelo mistério pascal de Cristo, rezando juntos:
T.
Dai-nos, Senhor, a inteligência da fé e um coração de discípulos!
1. Pai Santo, iluminai a Igreja, para que se abra sempre mais à inteligência da fé e à compreensão das Escrituras.
2. Fortalecei a Igreja de São Paulo, por meio do Décimo Plano de Pastoral, na sua missão de suscitar discípulos-missionários de Jesus Cristo.
3. Olhai a Região Episcopal Lapa, que peregrina hoje rumo à Catedral da Sé, onde está a imagem do nosso Padroeiro, São Paulo.
4. Animai as comunidades da nossa Arquidiocese para a Romaria ao Santuário de Aparecida, no próximo domingo.
5. Olhai todas as vítimas da violência, entre as quais se ressaltam hoje os desempregados.
6. Protegei os fracos e os indefesos e dai-nos a coragem da solidariedade.
(Preces da comunidade)
P. Tudo isso nós vos pedimos, ó Pai, por Cristo, nosso Senhor.
T. Amém.

13. APRESENTAÇÃO DAS OFERENDAS
(HL2, p. 122 -Fx6)
1. Bendito sejas, ó Rei da glória! Ressuscitado, Senhor da Igreja! Aqui trazemos as nossas ofer­tas.
Vê com bons olhos nossas humildes ofertas. * Tudo o que temos seja para ti, ó Senhor!
2. Vidas se encontram no altar de Deus, gente se doa, dom que se imola. Aqui trazemos as nossas ofertas.
3. Irmãos da terra, irmãos do céu, juntos cantemos glória ao Senhor. Aqui trazemos as nossas ofertas.

14. ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
P.
Orai, irmãos e irmãs...
T.
Receba o Senhor ...
P. Acolhei, ó Deus, as oferendas da vossa Igreja em festa. Vós que sois a causa de tão grande júbilo, concedei-lhe também a eterna alegria. Por Cristo, nosso Senhor.
T. Amém.

15. ORAÇÃO EUCARÍSTICA III
(Prefácio.Pascal III p.423)
P. O Senhor esteja convosco.
T. Ele está no meio de nós.
P. Corações ao alto.
T. O nosso coração está em Deus.
P. Demos graças ao Senhor, nosso Deus.
T. É nosso dever e nossa salvação.
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, mas sobretudo neste tempo solene em que Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Ele continua a oferecer-se pela humanidade, e junto de vós é nosso eterno intercessor. Imolado, já não morre; e, morto, vive eternamente. Unidos à multidão dos anjos e dos santos, transbordando de alegria pascal, nós vos aclamamos, cantando (dizendo) a uma só voz:
T. Santo, Santo, Santo...
Na verdade, vós sois santo, ó Deus do universo, e tudo o que criastes proclama o vosso louvor, porque, por Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, e pela força do Espírito Santo, dais vida e santidade a todas as coisas e não cessais de reunir o vosso povo, para que vos ofereça em toda parte, do nascer ao pôr-do-sol, um sacrifício perfeito.
T. Santificai e reuni o vosso povo!
CC. Por isso, nós vos suplicamos: santificai pelo Espírito Santo as oferendas que vos apresentamos para serem consagradas, a fim de que se tornem o Corpo e V o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, que nos mandou celebrar este mistério.
T. Santificai nossa oferenda, ó Senhor!
Na noite em que ia ser entregue, ele tomou o pão, deu graças, e o partiu e deu a seus discípulos, dizendo:
TOMAI, TODOS, E COMEI: ISTO É O MEU CORPO, QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS.
Do mesmo modo, ao fim da ceia, ele tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente, e o deu a seus discípulos, dizendo:
TOMAI, TODOS, E BEBEI: ESTE É O CÁLICE DO MEU SANGUE, O SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA, QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR TODOS PARA REMISSÃO DOS PECADOS. FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM.
Eis o mistério da fé!
T. Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!
CC. Celebrando agora, ó Pai, a memória do vosso Filho, da sua paixão que nos salva, da sua gloriosa ressurreição e da sua ascensão ao céu, e enquanto esperamos a sua nova vinda, nós vos oferecemos em ação de graças este sacrifício de vida e santidade.
T. Recebei, ó Senhor, a nossa oferta!
Olhai com bondade a oferenda da vossa Igreja, reconhecei o sacrifício que nos reconcilia convosco e concedei que, alimentando-nos com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito.
T. Fazei de nós um só corpo e um só espírito!
1C. Que ele faça de nós uma oferenda perfeita para alcançarmos a vida eterna com os vossos santos: a Virgem Maria, Mãe de Deus, os vossos Apóstolos e Mártires, São Paulo, patrono da nossa Arquidiocese, N. e todos os santos, que não cessam de interceder por nós na vossa presença.
T. Fazei de nós uma perfeita oferenda!
2C. E agora, nós vos suplicamos, ó Pai, que este sacrifício da nossa reconciliação estenda a paz e a salvação ao mundo inteiro. Confirmai na fé e na caridade a vossa Igreja, enquanto caminha neste mundo: o vosso servo o Papa Bento, o nosso bispo Odilo, com os Bispos do mundo inteiro, o clero e todo o povo que conquistastes.
T. Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja!
Atendei às preces da vossa família, que está aqui, na vossa presença. Reuni em vós, Pai de misericórdia, todos os vossos filhos e filhas dispersos pelo mundo inteiro.
T. Lembrai-vos, ó Pai, dos vossos filhos!
3C. Acolhei com bondade no vosso reino os nossos irmãos e irmãs que partiram desta vida e todos os que morreram na vossa amizade. Unidos a eles, esperamos também nós saciar-nos eternamente da vossa glória, por Cristo, Senhor nosso.
T. A todos saciai com vossa glória!
Por ele dais ao mundo todo bem e toda graça.
CP ou CC. Por Cristo, ...
T. Amém.

16. PAI NOSSO

17. CANTO DE COMUNHÃO(CD X fx 10)
1. Andavam pensando, tão tristes, * de Jerusalém a Emaús, * os dois seguidores de Cristo, * logo após o episódio da cruz. * Enquanto assim vão conversando, * Jesus se achegou devagar: * “De que vocês vão palestrando?” * E ao Senhor não puderam enxergar.
Fica conosco, Senhor, * É tarde e a noite já vem! * Fica conosco, Senhor * somos teus seguidores também!
2. Não sabes então, forasteiro, * aquilo que aconteceu? * Foi preso Jesus Nazareno, * Redentor que esperou Israel. * Os chefes a morte tramaram * do santo profeta de Deus; * O justo foi crucificado, * a esperança do povo morreu.
3. Três dias enfim se passaram, * foi tudo uma doce ilusão; * um susto as mulheres pregaram: * não encontraram seu corpo mais, não. * Disseram que ele está vivo, * que disso souberam em visão. * Estava o sepulcro vazio, * mas do mestre ninguém sabe não.
4. Jesus foi então relembrando: * pro Cristo na glória entrar, * profetas já tinham falado, * sofrimentos devia enfrentar. * E pelo caminho afora * ardia-lhes o coração: * Falava-lhes das escrituras, * explicando a sua missão.
5. Chegando, afinal, ao destino, * Jesus fez que ia passar, * mas eles demais insistiram: * “Vem Senhor, vem conosco ficar!” * Sentado com eles à mesa, * deu graças e o pão repartiu; * dos dois foi tão grande a surpresa: * “Jesus Cristo, o Senhor ressurgiu”.

18. ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO
P. Oremos (silêncio): Ó Deus, olhai com bondade o vosso povo e concedei aos que renovastes pelos vossos sacramentos a graça de chegar um dia à glória da ressurreição da carne. Por Cristo, nosso Senhor.
T. Amém.

19. BÊNÇÃO E DESPEDIDA MR p. 523
P. O Senhor esteja convosco.
T. Ele está no meio de nós.
P. Deus, que pela ressurreição do seu Filho único vos deu a graça da redenção e vos adotou como filhos e filhas, vos conceda a alegria de sua bênção.
T. Amém.
P. Aquele que, por sua morte, vos deu a eterna liberdade, vos conceda, por sua graça, a herança eterna.
T. Amém.
P. E, vivendo agora retamente, possais no céu unir-vos a Deus, para o qual, pela fé, já ressuscitastes no batismo.
T. Amém.
P. Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai e Filho V e Espírito Santo.
T. Amém.
P. Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe.
T. Amém.

20. CANTO FINAL (CO 275)
Cristo venceu, aleluia. Ressuscitou, aleluia. O Pai lhe deu glória e poder, eis nosso canto aleluia.
1.Este é o dia em que o amor venceu. Brilhante luz iluminou as trevas. Nós fomos salvos para sempre.
2.Suave aurora veio anunciando que nova era foi inaugurada. Nós fomos salvos para sempre.
3. No coração de todo homem nasce a esperança de um novo tempo. Nós fomos salvos para sempre.

Músicas: Hinário Litúrgico(HL) 2 ; CD Liturgia X - Paulus; Cantos e Orações- Ed. Vozes
LEITURAS DA SEMANA: de 27 de Abril a 3 de Maio de 2009

l2ª - At 6, 8-15; Sl 118 (119), 23-24. 26-27. 29-30 (R/. 1b); Jo 6, 22-29
l3ª -: At 7, 51 – 8, 1ª; Sl 30 (31), 3cd-4. 6ab e 7b e 8a. 17 e 21ab (R/. 6a); Jo 6, 30-35
l4ª -. At 8,1b-8; Sl 65(66),1-3a.4-5.6-7a (R/. 1); Jo 6,35-40
l5ª - At 8, 26-40; Sl 65 (66), 8-9. 16-17. 20 (R/. 1); Jo 6, 44-51
l6ª -: At 9, 1-20; Sl 116 (117), 1. 2 (R/. Mc 16, 15); Jo 6, 52-59
lSáb. At 9, 31-42; Sl 115 (116B), 12-13. 14-15. 16-17 (R/. 12); Jo 6, 60-69
l4o DOM. DA PÁSCOA. At 4,8-12; Sl 117(118),1.8-9.21-23.26.28cd.29 (R/. 22); 1Jo 3,1-2; Jo 10,11-18

sábado, 25 de abril de 2009

O EVANGELIÁRIO - Cristo presente em Sua Palavra


O Evangeliário é a compilação dos Evangelhos proclamados na Assembleia Dominical e nas grandes celebrações do Ano Litúrgico. Corresponde, assim, à Palavra do Senhor em meio ao seu povo, Palavra que anima Seu Corpo, a Igreja.
Nem sempre esteve presente nas ações litúrgicas e apenas recente e acanhadamente vem sendo usado, sobretudo após o Concílio Ecumênico Vaticano II.
Por ser uma peça do Culto Divino, como o Cálice e a Patena, sempre teve uma capa artisticamente trabalhada. Às vezes, com incisões em ouro e prtas e pedras preciosas; outras vezes, uma capa com bordado ou pintura ou esmalte ou, ainda, outro trabalho em couro; porém, sempre com a face do Cristo, ou o Pantocrator ou outra obra concernente ou Mistério Pascal.
O Evangeliário foi publicado em 1963, por ocasião da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, pela Biblioteca Apostólica Vaticana, com dedicatória a João XXIII. Por muito tempo, foi esquecido pelos católicos latinos, mas sempre esteve presente nas Igrejas Orientais.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

OS CANTOS NA MISSA

Entrada - Este deve ser um canto de procissão do celebrante até o altar, que estimule a assembléia a participar da celebração com alegria e sentir que não só o sacerdote sobe ao altar, mas Deus que toma conta de toda a Igreja e deve terminar assim que o celebrante estiver pronto para a saudação inicial. Fiquem atentos!

Ato penitencial - Este canto deve ser breve, não demorado. Deve haver a fórmula SENHOR TENDE PIEDADE DE NÓS! CRISTO TENDE PIEDADE DE NÓS!
Ex: Senhor, que vieste chamar os pecadores humilhados!
PIEDADE, PIEDADE, PIEDADE DE NÓS!
Ó Cristo que viste salvar, os corações arrependidos!
Senhor que intercedeis por nós junto a Deus Pai que nos perdoa!

Glória - O glória, é um canto cristológico, não trinitário. É um canto que os anjos cantaram dando glória a Deus pelo nascimento de Cristo. Nunca deve ser substituido por HINO DE LOUVOR, tipo: GLÓRIA, GLÓRIA, ALELUIA! GLÓRIA, GLÓRIA ALELUIA! GLÓRIA, GLÓRIA ALELUIA, LOUEMOS AO SENHOR!
Deve conter a formula liturgica. Por exemplo:
1 - Glória a Deus nos altos céus, paz na terra aos seus amados, a vós louvam Pai Celeste os que foram libertados.
GLÓRIA A DEUS LÁ NOS CÉUS E PAZ AOS SEUS. AMÉM!...

Salmo - O salmo é a resposta da primeira leitura, nunca poderá ser substituido por outro canto. Seria melhor que fosse sempre cantado, se não for possivel pode ser rezado. É proclamado pelo salmista do Ambão, com o refrão cantado pelo povo.

Canto de Aclamação - Deve ser cantado com alegria e entusiasmo, cantado o ALELUIA com entonação, e as estrofes são frases tiradas do evangelho a ser proclamado.

Canto para a apresentação das oferendas - e não do ofertório, pois o verdadeiro ofertório da Missa se encontra inserido na Oração Eucarística, após a consagração, quando o próprio Cristo é oferecido ao Pai, - acompanha a procissão das oferendas e se prolonga pelo menos até que tenham sido postas sobre o altar." Pede-se, portanto, que o canto seja mais para bendizer do que para ofertar. Ex.: Bendito seja o nome do Senhor agora e sempre e por toda a eternidade.

Santo - Este é um dos cantos mais importantes da missa, pois exalta a santidade do nosso Deus e relembra "aquele domingo" quando Jesus era recebido com louvores, palmas, cantos e ramos em Jerusalém e gritos de "HOSANA AO FILHO DE DAVI!". Não deve ser substituido por outro canto, ele deve sonter a formula que o Missal Romano nos apresenta:
- SANTO, SANTO, SANTO SENHOR DEUS DO UNIVERSO, O CÉU E A TERRA PROCLAMAM A VOSSA GLÓRIA, HOSANA NAS ALTURAS! BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR, HOSANA NAS ALTURAS!

Amém - Vem após a doxologia que só é rezada pelo celebrante (muitas pessoas acham, erradamente, que é bonito rezar com o padre!) e deve ser bastante animado ao som de todos os instrumentos, cantado por toda a assembléia.

Cordeiro de Deus - Se estiver de acordo com a aprovação do celebrante, o Cordeiro de Deus pode ser cantado como um findo suave de reverência e respeito. Lembre-se que este canto não faz parte do canto do Abraço de Paz e deve ser executado a partir do canto Cordeiro de Deus, já nos preparando para a comunhão.

Comunhão - Este canto deve ser cantado por toda comunidade, seria melhor que a sua letra contesse frases do evangelho proclamado, como nos mostra o Hinário Litúrgico, pois assim a assembléia comunga o corpo de Cristo relembrando o que foi lido no evangelho.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

2º Domingo da Páscoa


TEMA

A liturgia deste domingo apresenta-nos essa comunidade de Homens Novos que
nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. A sua missão consiste em revelar
aos homens a vida nova que brota da ressurreição.
Na primeira leitura temos, numa das "fotografia" que Lucas apresenta da comunidade
cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal: é uma comunidade formada por
pessoas diversas, mas que vivem a mesma fé num só coração e numa só alma; é uma
comunidade que manifesta o seu amor fraterno em gestos concretos de partilha e de
dom e que, dessa forma, testemunha Jesus ressuscitado.
No Evangelho sobressai a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da
comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela
recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as
perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor,
no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
A segunda leitura recorda aos membros da comunidade cristã os critérios que
definem a vida cristã autêntica: o verdadeiro crente é aquele que ama Deus, que adere
a Jesus Cristo e à proposta de salvação que, através dele, o Pai faz aos homens e
que vive no amor aos irmãos. Quem vive desta forma, vence o mundo e passa a
integrar a família de Deus.
LEITURA – Act 4,32-35
A multidão dos que haviam abraçado a fé
tinha um só coração e uma só alma;
ninguém chamava seu ao que lhe pertencia,
mas tudo entre eles era comum.
Os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus
com grande poder
e gozavam todos de grande simpatia.
Não havia entre eles qualquer necessitado,
porque todos os que possuíam terras ou casas
vendiam-nas e traziam o produto das vendas,
que depunham aos pés dos Apóstolos.
Distribuía-se então a cada um conforme a sua necessidade.

AMBIENTE
Os "Actos dos Apóstolos" são uma catequese sobre a "etapa da Igreja", isto é, sobre a
forma como os discípulos assumiram o continuaram o projecto salvador do Pai e o
levaram – após a partida de Jesus deste mundo – a todos os homens.
O livro divide-se em duas partes. Na primeira (cf. Act 1-12), a reflexão apresenta-nos a
difusão do Evangelho dentro das fronteiras palestinas, por acção de Pedro e dos
Doze; a segunda (cf. Act 13-28) apresenta-nos a expansão do Evangelho fora da
Palestina (até Roma), sobretudo por acção de Paulo.
O texto que hoje nos é proposto pertence à primeira parte do Livro dos Actos dos
Apóstolos. Faz parte de um conjunto de três sumários, através dos quais Lucas
descreve aspectos fundamentais da vida da comunidade cristã de Jerusalém. Um
primeiro sumário é dedicado ao tema da unidade e ao impacto que o estilo cristão de
página 1
vida provocou no povo da cidade (cf. Act 2,42-47); um segundo sumário (e que é
exactamente o texto que nos é hoje proposto) refere-se sobretudo à partilha dos bens
(cf. Act 4,32-35); o terceiro trata do testemunho que a Igreja dá através da actividade
miraculosa dos apóstolos (cf. Act 5,12-16).
Naturalmente, estes sumários não são um retracto histórico rigoroso da comunidade
cristã de Jerusalém, no início da década de 30 (embora possam ter algumas bases
históricas). Quando Lucas escreve estes relatos (década de 80), arrefeceu já o
entusiasmo inicial dos cristãos: Jesus nunca mais veio para instaurar definitivamente o
"Reino de Deus" e posicionam-se no horizonte próximo as primeiras grandes
perseguições… Há algum desleixo, falta de entusiasmo, monotonia, divisão e
confusão (até porque começam a aparecer falsos mestres, com doutrinas estranhas e
pouco cristãs). Neste contexto, Lucas recorda o essencial da experiência cristã e traça
o quadro daquilo que a comunidade deve ser.

MENSAGEM
Como será, então, essa comunidade ideal, que nasce do Espírito e do testemunho dos
apóstolos?
Em primeiro lugar, é uma comunidade formada por pessoas muito diversas, mas que
abraçaram a mesma fé ("a multidão dos que tinham abraçado a fé" – vers. 32a). A "fé"
é, no Novo Testamento, a adesão a Jesus e ao seu projecto. Para todos os membros
da comunidade, o Senhor Jesus Cristo é a referência fundamental, o cimento que a
todos une num projecto comum.
Em segundo lugar, é uma comunidade unida, onde os crentes têm "um só coração e
uma só alma" (vers. 32a). Da adesão a Jesus resulta, obrigatoriamente, a comunhão e
a união de todos os "irmãos" da comunidade. A comunidade de Jesus não pode ser
uma comunidade onde cada um puxa para o seu lado, preocupado em defender
apenas os seus interesses pessoais; mas tem de ser uma comunidade onde todos
caminham na mesma direcção, ajudando-se mutuamente, partilhando os mesmos
valores e os mesmos ideais, formando uma verdadeira família de irmãos que vivem no
amor. Em terceiro lugar, é uma comunidade que partilha os bens. Da comunhão com Cristo
resulta a comunhão dos cristãos entre si; e isso tem implicações práticas. Em
concreto, implica a renúncia a qualquer tipo de egoísmo, de auto-suficiência, de
fechamento em si próprio e uma abertura de coração para a partilha, para o dom, para
o amor. Expressão concreta dessa partilha e desse dom é a comunhão dos bens:
"ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum" – vers.
32b). Num desenvolvimento que explicita este "pôr em comum", Lucas conta que "não
havia entre eles qualquer necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas
vendiam-nas e traziam o produto das vendas, que depunham aos pés dos apóstolos.
Distribuía-se então a cada um conforme a sua necessidade" (vers. 34-35). É uma
forma concreta de mostrar que a vida nova de Jesus, assumida pelos crentes, não é
"conversa fiada"; mas é uma efectiva libertação da escravidão do egoísmo e um
compromisso verdadeiro com o amor, com a partilha, com o dom da vida. Num mundo
onde a realização e o êxito se medem pelos bens acumulados e que não entende a
partilha e o dom, a comunidade de Jesus é chamada a dar exemplo de uma lógica
diferente e a propor uma mundo que se baseie nos valores de Deus.
Finalmente, é uma comunidade que dá testemunho: "os apóstolos davam testemunho
da ressurreição de Jesus com grande poder" (vers. 33). Os gestos realizados pelos
apóstolos infundiam em todos aqueles que os testemunhavam a inegável certeza da
presença de Deus e dos seus dinamismos de salvação.
A primitiva comunidade cristã, nascida do dom de Jesus e do Espírito é,
verdadeiramente, uma comunidade de homens e mulheres novos, que dá testemunho
da salvação e que anuncia a vida plena e definitiva. A fé dos discípulos, a sua união e,
mais do que tudo, essa "ilógica" e "absurda" partilha dos bens eram a "prova provada"
página 2 de que Cristo estava vivo e a actuar no mundo, oferecendo aos homens um mundo
novo. A Cristo ressuscitado, os habitantes de Jerusalém não podiam ver; mas o que
eles podiam ver era a espantosa transformação operada no coração dos discípulos,
capazes de superar o egoísmo, o orgulho e a auto-suficiência e de viver no amor, na
partilha, no dom. Viver de acordo com os valores de Jesus é a melhor forma de
anunciar e de testemunhar que Jesus está vivo.
A comunidade cristã de Jerusalém era, de facto, esta comunidade ideal?
Possivelmente, não (outros textos dos Actos falam-nos de tensões e problemas –
como acontece com qualquer comunidade humana); mas a descrição que Lucas aqui
faz, aponta para a meta a que toda a comunidade cristã deve aspirar, confiada na
força do Espírito. Trata-se, portanto, de uma descrição da comunidade ideal, que
pretende servir de modelo à Igreja e às igrejas de todas as épocas.

ACTUALIZAÇÃO
. A comunidade cristã é uma "multidão" que abraçou a mesma fé – quer dizer, que
aderiu a Jesus, aos seus valores, à sua proposta de vida. A Igreja não é um grupo
unido por uma ideologia, ou por uma mesma visão do mundo, ou pela simpatia
pessoal dos seus membros; mas é uma comunidade que agrupa pessoas de
diferentes raças e culturas, unidas à volta de Jesus e do seu projecto de vida e que
de forma diversa procuram incarnar a proposta de Jesus na realidade da sua vida
quotidiana. Que lugar e que papel Jesus e as suas propostas ocupam na minha
vida pessoal e na vida da minha comunidade cristã? Jesus é uma referência
distante e pouco real, ou é uma presença constante, que me interroga, que me
questiona e que me aponta caminhos?
. A comunidade cristã é uma família unida, onde os irmãos têm "um só coração e
uma só alma". Tal facto resulta da adesão a Jesus: seria um absurdo aderir a
Jesus e ao seu projecto e, depois, conduzir a vida de acordo com mecanismos de
divisão, de afastamento, de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência… A minha
comunidade cristã é uma comunidade de irmãos que vivem no amor, ou é um
grupo de pessoas isoladas, em que cada um procura defender os seus interesses,
mesmo que para isso tenha de magoar e de espezinhar os outros? No que me diz
respeito, esforço-me por amar todos, por respeitar a liberdade e a dignidade de
todos, por potenciar os contributos e as qualidades de todos?
. A comunidade cristã é uma comunidade de partilha. No centro dessa comunidade
está o Cristo do amor, da partilha, do serviço, do dom da vida… O cristão não
pode, portanto, viver fechado no seu egoísmo, indiferente à sorte dos outros
irmãos. Em concreto, o nosso texto fala na partilha dos bens… Uma comunidade
onde alguns esbanjam os bens e onde outros não têm o suficiente para viver
dignamente, será uma comunidade que testemunha, diante dos homens, esse
mundo novo de amor que Jesus veio propor? Será cristão aquele que, embora
indo à igreja só pensa em acumular bens materiais, recusando-se a escutar os
dramas e sofrimentos dos irmãos mais pobres? Será cristão aquele que, embora
contribuindo com dinheiro para as necessidades da paróquia, explora os seus
operários ou comete injustiças?
. A comunidade cristã é uma comunidade que testemunha o Senhor ressuscitado.
Como? Através do discurso apologético dos discípulos? Através de palavras
elegantes e de discursos bem elaborados, capazes de seduzir e de manipular as
massas? O testemunho mais impressionante e mais convincente será sempre o
testemunho de vida dos discípulos… Se conseguirmos criar verdadeiras
comunidades fraternas, que vivam no amor e na partilha, que sejam sinais no
mundo dessa vida nova que Jesus veio propor, estaremos a anunciar que Jesus
está vivo, que está a actuar em nós e que, através de nós, Ele continua a
apresentar ao mundo uma proposta de vida verdadeira.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão 1: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Refrão 2: Aclamai o senhor, porque Ele é bom:
o seu amor é para sempre.
Refrão 3: Aleluia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia.
Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia.
A mão do Senhor fez prodígios,
A mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver,
para anunciar as obras do Senhor.
Com dureza me castigou o Senhor,
mas não me deixou morrer.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria.

LEITURA II – 1 Jo 5,1-6
Caríssimos:
Quem acredita que Jesus é o Messias,
nasceu de Deus,
e quem ama Aquele que gerou
ama também Aquele que nasceu d’Ele.
Nós sabemos que amamos os filhos de Deus
quando amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos,
porque o amor de Deus
consiste em guardar os seus mandamentos.
E os seus mandamentos não são pesados,
porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo.
Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.
Quem é o vencedor do mundo
senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus?
Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo;
não só com a água, mas com a água e o sangue.
É o Espírito que dá testemunho,
porque o Espírito é a verdade.

AMBIENTE
Não é fácil a identificação do autor da primeira Carta de João. Ele apresenta-se a si
próprio como "o Ancião" (cf. 2 Jo 1; 3 Jo 1) e como testemunha da "Vida" manifestada
em Jesus (cf. 1 Jo 1,1-3; 4,14); mas não refere o seu nome. A opinião tradicional
atribui a primeira Carta de João (como também a segunda e a terceira Cartas de João)
ao apóstolo João; no entanto, essa atribuição é problemática. Em qualquer caso, o
autor da carta é alguém que se move no mundo joânico e que conhece bem a teologia
joânica. Pode ser esse "João, o Presbítero" conhecido da tradição primitiva e que,
aparentemente, era uma personagem distinta do "João, o apóstolo" de Jesus.
Também não há, na Carta, qualquer referência a um destinatário, a pessoas ou a
comunidades concretas. A missiva parece dirigir-se a um grupo de igrejas ameaçadas
pelo mesmo problema (heresias). Trata-se, provavelmente, de igrejas da Ásia Menor
(à volta de Éfeso), como diz a antiga tradição.
O autor não se refere, de forma directa, às circunstâncias que motivaram a
composição da carta. Do tom polémico que atravessa várias passagens, pode
concluir-se que as comunidades às quais a carta se dirige vivem uma crise grave. A
difusão de doutrinas incompatíveis com a revelação cristã ameaça comprometer a
pureza da fé. Quem são os autores dessas doutrinas heréticas? O autor da Carta chama-lhes "anticristos" (1 Jo 2,18.22; 4,3), "profetas da mentira" (1 Jo 4,1), "mentirosos" (1 Jo 2,22).
Diz que eles "são do mundo" (1 Jo 4,5) e deixam-se levar pelo espírito do erro (1 Jo
4,6). Até há pouco tempo pertenciam à comunidade cristã (1 Jo 2,19); mas agora
saíram e procuram desencaminhar os crentes que permaneceram fiéis (cf. 1 Jo 2,26;
3,7). Em que consistia este "erro"? Os heréticos em causa pretendiam "conhecer Deus" (1
Jo 2,4), "ver Deus" (1 Jo 3,6), viver em comunhão com Deus (1 Jo 2,3) e, não
obstante, apresentavam uma doutrina e uma conduta em flagrante contradição com a
revelação cristã. Recusavam-se a ver em Jesus o Messias (cf. 1 Jo 2,22) e o Filho de
Deus (cf. 1 Jo 4,15), recusavam a encarnação (cf. 1 Jo 4,2). Para estes hereges, o
Cristo celeste tinha-se apropriado do homem Jesus de Nazaré na altura do baptismo
(cf. Jo 1,32-33), tinha-o utilizado para levar a cabo a revelação e tinha-o abandonado
antes da paixão, porque o Cristo celeste não podia padecer. O comportamento moral
destes hereges não era menos repreensível: pretendiam não ter pecados (cf. 1 Jo
1,8.10) e não guardavam os mandamentos (cf. 1 Jo 2,4), em particular o mandamento
do amor fraterno (cf. 1 Jo 2,9). Tudo indica que estejamos diante de um desses
movimentos pré-gnósticos que irá desembocar, mais tarde, nos grandes movimentos
gnósticos do séc. II.
O objectivo do autor da Carta é, portanto, advertir os cristãos contra as pretensões
destes pregadores heréticos e explicar-lhes os critérios da vida cristã autêntica. Na
confusão causada pelas doutrinas heréticas, o autor da Carta quer oferecer aos
crentes uma certeza: são eles e não esses profetas da mentira que vivem em
comunhão com Deus e que possuem a vida divina.

MENSAGEM
Quais são, então, os critérios da vida cristã autêntica, que distinguem os verdadeiros
crentes dos profetas da mentira?
Antes de mais, os verdadeiros crentes são aqueles que amam a Deus e que amam,
também, Jesus Cristo, o Filho que nasceu de Deus (vers. 1). Jesus de Nazaré é, ao
contrário do que diziam os hereges, Filho de Deus desde a encarnação e durante toda
a sua existência terrena. A sua paixão e morte também fazem parte do projecto
salvador de Deus (Jesus veio apresentar aos homens um projecto de salvação, "não
só pela água, mas com a água e o sangue" – vers. 6). No entanto, amar a Deus significa cumprir os seus mandamentos. Quando amamos alguém, procuramos realizar obras que agradem àquele a quem amamos… Não se pode dizer que se ama a Deus se não se cumprem os seus mandamentos… E o
mandamento de Deus é que amemos os nossos irmãos. Todo aquele que se
considera filho de Deus e que pertence à família de Deus deve amar os irmãos que
são membros da mesma família. Quem não ama os irmãos, não pode pretender amar
a Deus e fazer parte da família de Deus (vers. 2-3).
Quando o crente ama a Deus, acredita que Jesus é o Filho de Deus e vive de acordo
com os mandamentos de Deus (sobretudo com o mandamento do amor aos irmãos),
vence o mundo. Amar Deus, amar Jesus e amar os irmãos significa construir a própria
vida numa dinâmica de amor; e significa, portanto, derrotar o egoísmo, o ódio, a
injustiça que caracterizam a dinâmica do mundo (vers. 4-5).
Esta vida nova que permite aos crentes vencer o mundo é oferecida aos homens
através de Jesus Cristo. A vida nova que Jesus veio oferecer chega aos homens pela
"água" (baptismo – isto é, pela adesão a Cristo e à sua proposta) e pelo "sangue"
(alusão à vida de Jesus, feita dom na cruz por amor). O Espírito Santo atesta a
validade e a verdade dessa proposta trazida por Jesus Cristo, por mandato de Deus
Quando o homem responde positivamente ao desafio que Deus lhe faz (baptismo),
oferece a sua vida como um dom de amor para os irmãos (a exemplo de Cristo) e
cumpre os mandamentos de Deus, vence o mundo, torna-se filho de Deus e membro
da família de Deus.

ACTUALIZAÇÃO
. Na perspectiva do autor da primeira Carta de João, o projecto de salvação que
Deus apresentou ao homem passa por Jesus – o Jesus que encarnou na nossa
história, que nos revelou os caminhos do Pai, que com a sua morte mostrou aos
homens o amor do Pai e que nos ensinou a amar até ao extremo do dom total da
vida. Também na paixão e morte de Jesus se nos revela o caminho para nos
tornarmos "filhos de Deus": o processo passa por seguir o caminho de Jesus e por
fazer da nossa vida um dom total de amor a Deus e aos nossos irmãos. Que é que
Jesus significa para nós? Ele foi apenas um "homem bom" que a morte derrubou?
Ou Ele é o Filho de Deus que veio ao nosso encontro para nos propor o caminho
do amor total, a fim de chegarmos à vida definitiva? O caminho do amor, do dom,
do serviço, da entrega que Cristo nos propôs é uma proposta que assumimos e
procuramos viver?
. Amar a Deus e aderir a Jesus implica, na perspectiva do autor da primeira Carta de
João, o amor aos irmãos. Quem não ama os irmãos, não cumpre os mandamentos
de Deus e não segue Jesus. É preciso que a nossa existência – a exemplo de
Jesus – seja cumprida no amor a todos os que caminham pela vida ao nosso lado,
especialmente aos mais pobres, aos mais humildes, aos marginalizados, aos
abandonados, aos sem voz. O amor total e sem fronteiras, o amor que nos leva a
oferecer integralmente a nossa vida aos irmãos, o amor que se revela nos gestos
simples de serviço, de perdão, de solidariedade, de doação, está no nosso
programa de vida?
. O autor da primeira Carta de João ensina, ainda, que o amor a Deus e a adesão a
Cristo "vencem o mundo". Os cristãos não se conformam com a lógica de egoísmo,
de ódio, de injustiça, de violência que governa o mundo; a esta lógica, eles
contrapõem a lógica do amor, a lógica de Jesus. O amor é um dinamismo que
vence tudo aquilo que oprime o homem e que o impede de chegar à vida
verdadeira e definitiva, à felicidade total. Ainda que o amor pareça, por vezes,
significar fragilidade, debilidade, fracasso, frente à violência dos poderosos e dos
senhores do mundo, a verdade é que o amor terá sempre a última e definitiva
palavra. Só ele assegura a vida verdadeira e eterna, só ele é caminho para o
mundo novo e melhor com que os homens sonham.

ALELUIA – Jo 20,29
Aleluia. Aleluia.
Disse o Senhor a Tomé:
«Porque Me viste, acreditaste;
felizes os que acreditam sem terem visto».

EVANGELHO – Jo 20,19-31
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse-lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo,
não estava com eles quando veio Jesus.
Disseram-lhe os outros discípulos:
«Vimos o Senhor».
Mas ele respondeu-lhes:
«Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos,
se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado,
não acreditarei».
Oito dias depois,
estavam os discípulos outra vez em casa,
e Tomé com eles.
Veio Jesus, estando as portas fechadas,
apresentou-Se no meio deles e disse:
«A paz esteja convosco».
Depois disse a Tomé:
«Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos;
aproxima a tua mão e mete-a no meu lado;
e não sejas incrédulo, mas crente».
Tomé respondeu-Lhe:
«Meu Senhor e meu Deus!»
Disse-lhe Jesus:
«Porque Me viste acreditaste:
felizes os que acreditam sem terem visto».
Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos,
que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram escritos
para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus,
e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

AMBIENTE
Continuamos na segunda parte do Quarto Evangelho, onde nos é apresentada a
comunidade da Nova Aliança. A indicação de que estamos no "primeiro dia da
semana" faz, outra vez, referência ao tempo novo, a esse tempo que se segue à
morte/ressurreição de Jesus, ao tempo da nova criação.
A comunidade criada a partir da acção criadora e vivificadora de Jesus está reunida no
cenáculo, em Jerusalém. Está desamparada e insegura, cercada por um ambiente
hostil. O medo vem do facto de não terem, ainda, feito a experiência de Cristo
ressuscitado.
João apresenta, aqui, uma catequese sobre a presença de Jesus, vivo e ressuscitado,
no meio dos discípulos em caminhada pela história. Não lhe interessa tanto fazer uma
descrição jornalística das aparições de Jesus ressuscitado aos discípulos; interessalhe,
sobretudo, afirmar aos cristãos de todas as épocas que Cristo continua vivo e
presente, acompanhando a sua Igreja. De resto, cada crente pode fazer a experiência
do encontro com o "Senhor" ressuscitado, sempre que celebra a fé com a sua
comunidade.

MENSAGEM
O texto que nos é proposto divide-se em duas partes bem distintas. Na primeira parte
(vers. 19-23), descreve-se uma "aparição" de Jesus aos discípulos. Depois de sugerir
a situação de insegurança e de fragilidade em que a comunidade estava (o
"anoitecer", as "portas fechadas", o "medo"), o autor deste texto apresenta Jesus "no
centro" da comunidade (vers. 19b). Ao aparecer "no meio deles", Jesus assume-se
como ponto de referência, factor de unidade, videira à volta da qual se enxertam os
ramos. A comunidade está reunida à volta dele, pois Ele é o centro onde todos vão
beber essa vida que lhes permite vencer o "medo" e a hostilidade do mundo.
A esta comunidade fechada, com medo, mergulhada nas trevas de um mundo hostil,
Jesus transmite duplamente a paz (vers. 19 e 21: é o "shalom" hebraico, no sentido de
harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança, vida plena). Assegura-se, assim, aos
discípulos que Jesus venceu aquilo que os assustava (a morte, a opressão, a
hostilidade do mundo); e que, doravante, os discípulos não têm qualquer razão para
ter medo.
Depois (vers. 20a), Jesus revela a sua "identidade": nas mãos e no lado trespassado,
estão os sinais do seu amor e da sua entrega. É nesses sinais de amor e de doação
que a comunidade reconhece Jesus vivo e presente no seu meio. A permanência
desses "sinais" indica a permanência do amor de Jesus: Ele será sempre o Messias
que ama e do qual brotarão a água e o sangue que constituem e alimentam a
comunidade.
Em seguida (vers. 22), Jesus "soprou" sobre os discípulos reunidos à sua volta. O
verbo aqui utilizado é o mesmo do texto grego de Gn 2,7 (quando se diz que Deus
soprou sobre o homem de argila, infundindo-lhe a vida de Deus). Com o "sopro" de Gn
2,7, o homem tornou-se um ser vivente; com este "sopro", Jesus transmite aos
discípulos a vida nova que fará deles homens novos. Agora, os discípulos possuem o
Espírito, a vida de Deus, para poderem – como Jesus – dar-se generosamente aos
outros. É este Espírito que constitui e anima a comunidade de Jesus.
Na segunda parte (vers. 24-29), apresenta-se uma catequese sobre a fé. Como é que
se chega à fé em Cristo ressuscitado?
João responde: podemos fazer a experiência da fé em Cristo vivo e ressuscitado na
comunidade dos crentes, que é o lugar natural onde se manifesta e irradia o amor de
Jesus. Tomé representa aqueles que vivem fechados em si próprios (está fora) e que
não faz caso do testemunho da comunidade, nem percebe os sinais de vida nova que
nela se manifestam. Em lugar de integrar-se e participar da mesma experiência,
pretende obter (apenas para si próprio) uma demonstração particular de Deus.
Tomé acaba, no entanto, por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da
comunidade. Porquê? Porque no "dia do Senhor" volta a estar com a sua comunidade.
É uma alusão clara ao domingo, ao dia em que a comunidade é convocada para
celebrar a Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos,
com a Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus
ressuscitado.
A experiência de Tomé não é exclusiva das primeiras testemunhas; mas todos os
cristãos de todos os tempos podem fazer esta mesma experiência.

ACTUALIZAÇÃO
. Antes de mais, a catequese que João nos apresenta garante-nos a presença de
Cristo no meio da sua comunidade em marcha pela história. Os discípulos de
Jesus vivem no mundo, numa situação de fragilidade e de debilidade;
experimentam, como os outros homens e mulheres, o sofrimento, o desalento, a
frustração, o desânimo; têm medo quando o mundo escolhe caminhos de guerra e
de violência; sofrem quando são atingidos pela injustiça, pela opressão, pelo ódio
do mundo; conhecem a perseguição, a incompreensão e a morte… Mas são
sempre animados pela esperança, pois sabem que Jesus está presente,
oferecendo-lhes a sua paz e apontando-lhes o horizonte da vida definitiva. O
cristão é sempre animado pela esperança que brota da presença a seu lado de
Cristo ressuscitado. Não devemos, nunca, esquecer esta realidade.
. A presença de Cristo ao lado dos seus discípulos é sempre uma presença
renovadora e transformadora. É esse Espírito que Jesus oferece continuamente
aos seus, que faz deles homens e mulheres novos, capazes de amar até ao fim,
ao jeito de Jesus; é esse Espírito que Jesus oferece aos seus, que faz deles
testemunhas do amor de Deus e que lhes dá a coragem e a generosidade para
continuarem no mundo a obra de Jesus.
. A comunidade cristã gira em torno de Jesus, é construída à volta de Jesus e é de
Jesus que recebe vida, amor e paz. Sem Jesus, estaremos secos e estéreis,
incapazes de encontrar a vida em plenitude; sem Ele, seremos um rebanho de
gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva e
transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito, e não seremos uma
comunidade de irmãos… Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o
centro? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte?
. A comunidade tem de ser o lugar onde fazemos, verdadeiramente, a experiência
do encontro com Jesus ressuscitado. É nos gestos de amor, de partilha, de
serviço, de encontro, de fraternidade (no "lado trespassado" e nas chagas de
Jesus, expressões do seu amor), que encontramos Jesus vivo, a transformar e a
renovar o mundo. É isso que a nossa comunidade testemunha? Quem procura
Cristo ressuscitado, encontra-o em nós? O amor de Jesus – amor total, universal e
sem medida – transparece nos nossos gestos?
. Não é em experiências pessoais, íntimas, fechadas, egoístas, que encontramos
Jesus ressuscitado; mas encontramo-l’O no diálogo comunitário, na Palavra
partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida.
O que é que significa, para mim, a Eucaristia?

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 2º DOMINGO DE PÁSCOA
1. A LITURGIA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.

Ao longo dos dias da semana anterior ao 2º Domingo de Páscoa, procurar meditar a
Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por
exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num
grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa
comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a
Palavra de Deus.

2. BILHETE DE EVANGELHO.
Apenas Jesus viveu a sua passagem da morte à vida. Os seus discípulos vão passar
do medo à alegria e à paz, basta-lhes uma palavra – «a paz esteja convosco» – e
verem as chagas ainda visíveis no Ressuscitado. Basta-lhes um sopro, o do Espírito
de Cristo, para se tornarem embaixadores da reconciliação. Tomé vai passar da
dúvida à fé, basta-lhe ver e tocar o que Cristo lhe oferece, então ele crê. «Há muitos
outros sinais» cumpridos pelo Ressuscitado, precisa o evangelista, mas os que aqui
são referidos são-no para que nós mesmos passemos do questionamento à afirmação
– «Ele ressuscitou verdadeiramente!» – e para que O reconheçamos hoje, porque Ele
não cessa de fazer sinal ainda e sempre.

3. À ESCUTA DA PALAVRA.
«Meu Senhor e meu Deus!»
Há a «fé do carvoeiro». Ela não coloca qualquer questão. Ela é, muitas vezes, em si
mesma, muito sólida, não se deixa levar por qualquer dúvida. E há uma fé «inquieta»,
que não fica em repouso, que procura compreender. A dúvida, então, faz parte desta
fé. Certamente, pode haver dúvidas destrutivas, aquela que nasce, por exemplo, de
uma inveja, porque se desconfia da infidelidade do outro. Tal não é a dúvida de Tomé.
Ele gostaria de acreditar no que lhe dizem os companheiros. Mas esta história da
ressurreição de Jesus parece-lhe de tal modo fora da experiência humana mais
comum e mais constante, que ele pede, de qualquer modo, um complemento de
informação e para ver de mais perto. Não recusa crer, ele quer compreender melhor. A
sua dúvida não é fechada, exprime um desejo de ser apoiada na fé. «Deixa de ser
incrédulo, sê crente». Mais do que uma reprovação, Jesus dirige-lhe um convite a ter
uma confiança maior, total. Então, o Tomé da dúvida torna-se o Tomé que proclama a
sua fé como nenhum dos seus discípulos o fez. Ele grita: «Meu Senhor e meu Deus!»
A Igreja não abandonará jamais esta profissão de fé. Hoje ainda, ela termina grande
parte das orações dirigidas ao Pai, dizendo: «Por Jesus Cristo, vosso Filho, nosso
Deus e Senhor». São as próprias palavras de Tomé que alimentam a fé e a oração da
Igreja. Então, bem-aventurado Tomé!

4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
Com Tomé.
Ao longo da semana que se segue, a partir do grande encontro que Cristo teve
connosco na celebração deste domingo, esforcemo-nos em lhe dizer, como Tomé, a
nossa fé. Somos chamados a um diálogo do coração… Mas daí jorrará uma
verdadeira felicidade, que poderemos então partilhar à nossa volta.

Sugestão de músicas para o 2º Domingo da Páscoa

Entrada: Resssuscitou, Aleluia
M. Penitencial:
Senhor Jesus, Tu és Luz do Mundo
Glória:
Glória a Deus nos alto céus!
Salmo:
Salmo 117-118
Aleluia:
Resssuscitou
Ofertório:
Eu Vi Meu Deus e Senhor
Santo:
Santo, Santo é o Senhor
Paz/Cordeiro:
Proclama o Teu Senhor
Comunhão:
Pão e Vinho
Final:
Glória, glória, Aleluia

SÍMBOLOS LITÚRGICOS LIGADOS À NATUREZA

- A ÁGUA - A água simboliza a vida (remete-nos sobretudo ao nosso batismo, onde renascemos para uma
vida nova). Pode simbolizar também a morte (enquanto por ela morremos para o pecado). Nesse sentido, ela é
mãe e sepulcro, de acordo com os Santos Padres. (Ver a referência litúrgica do nº 67, em que se fala da água, nos
ritos do Batismo, do Lavabo e do "asperges").


- O FOGO - O fogo ora queima, ora aquece, ora brilha, ora purifica. Está presente na liturgia da Vigília Pascal
do Sábado Santo e nas incensações, como as brasas nos turíbulos. O fogo pode multiplicar-se indefinidamente.
Daí, sua forte expressão simbólica. É símbolo sobretudo da ação do Espírito Santo (Cf. Eclo 48,1; Lc 3,16; 12,49;
At 2,3; 1Ts 5,19), e do próprio Deus, como fogo devorador (Cf. Ex 24,17; Is 33,14; Hb 12,29).


- A LUZ - A luz brilha, em oposição às trevas, e mesmo no plano natural é necessária à vida, como a luz do
sol. Ela mostra o caminho ao peregrino errante. A luz produz harmonia e projeta a paz. Como o fogo, pode
multiplicar-se indefinidamente. Uma pequenina chama pode estender-se a um número infinito de chamas e
destruir, assim, a mais espessa nuvem de trevas. É o símbolo mais expressivo do Cristo Vivo, como no Círio
Pascal. A luz e, pois, a expressão mais viva da ressurreição.


- O PÃO E O VINHO - Símbolos do alimento humano. Trigo moído e uva espremida, sinais do sacrifício da
natureza, em favor dos homens. Elementos tomados por Cristo para significarem o seu próprio sacrifício redentor.


- O INCENSO - Como se falou no número 33, com sua especificidade aromática. Sua fumaça simboliza, pois,
a oração dos santos, que sobe a Deus, ora como louvor, ora como súplica (Cf. Sl 140(141)2; Ap 8,4).


- O ÓLEO - Temos na liturgia os óleos dos Catecúmenos, do Crisma e dos Enfermos, usados liturgicamente
nos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos. Nos três sacramentos, trata-se do gesto
litúrgico da unção. Aqui vemos que o objeto - no caso, o óleo - além de ele próprio ser um símbolo, faz nascer
uma ação, isto é, o gesto simbólico de ungir. Tal também acontece com a água: ela supõe e cria o banho lustral, de
purificação, como nos ritos do Batismo e do "lavabo" (abluções), e do "asperges", este em sentido duplo: na
missa, como rito penitencial, e na Vigília do Sábado Santo, como memória pascal de nosso Batismo. A esses
gestos litúrgicos e tantos outros, podemos chamar de "símbolos rituais". A unção com o óleo atravessa toda a
história do Antigo Testamento, na consagração de reis, profetas e sacerdotes, e culmina no Novo Testamento,
com a unção misteriosa de Cristo, o verdadeiro Ungido de Deus (Cf. Is 61,1; Lc 4,18). A palavra Cristo significa,
pois, ungido. No caso, o Ungido, por excelência.


- AS CINZAS - As cinzas, principalmente na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, são para nós sinal de
penitência, de humildade e de reconhecimento de nossa natureza mortal. Mas estas mesmas cinzas estão
intimamente ligadas ao Mistério Pascal. Não nos esqueçamos de que elas são fruto das palmas do Domingo de
Ramos do ano anterior, geralmente queimadas na Quaresma, para o rito quaresmal
das cinzas.

CORES LITURGICAS

As cores dizem respeito à toalha do altar e do ambão e às vestes litúrgicas. São elas:

- O BRANCO - Simboliza a vitória, a paz, a alma pura, a alegria. Usa-se: na Quinta-feira Santa, na Vigília
Pascal do Sábado Santo, em todo o Tempo Pascal, no Natal, no Tempo do Natal, nas festas dos santos (quando
não mártires) e nas festas do Senhor (exceto as da Paixão). É a cor predominante da ressurreição.

O VERMELHO - Simboliza o fogo, o sangue, o amor divino, o martírio. É usado: no Domingo
de Ramos e da Paixão, na Sexta-Feira da Paixão, no Domingo de Pentecostes, nas festas dos apóstolos, dos santos
mártires e dos evangelistas.

- O VERDE - É a cor da esperança. Usa-se no Tempo Comum. (Quando no TC se celebra uma festa do
Senhor ou dos santos, usa-se então a cor da festa).

-O ROXO - Simboliza a penitência. Usa-se no Tempo do Advento e da Quaresma. Pode-se também usar nos
ofícios e missas pelos mortos. (Quanto ao Advento, está havendo uma tendência a se usar o violeta, em vez do
roxo, para distinguí-lo da Quaresma, pois Advento é tempo de feliz expectativa e de esperança, num viver sóbrio,
e não de penitência, como a Quaresma).

-O PRETO - É símbolo de luto. Pode ser usado nas missas pelos mortos, mas nessas celebrações pode-se usar
também o branco, dando-se então ênfase não à dor, mas à ressurreição.

- O ROSA - Simboliza também a alegria. Pode ser usado no 3º Domingo do Advento, chamado "Gaudete" , e
no 4º Domingo da Quaresma, chamado aqui "Laetare", ambos domingos da alegria.

O ano Litúrgico.


O Ano Litúrgico é o "calendário religioso". Por ele, o povo cristão revive anualmente todo o Mistério da Salvação centrado na Pessoa de Jesus, o Messias. O Ano Litúrgico contém as datas dos acontecimentos da História da Salvação; contudo, não coincide com o ano civil, que começa no dia primeiro de janeiro e termina no dia 31 de dezembro. O Ano Liturgico, por sua vez, começa com o Primeiro Domingo do Advento e termina na última semana do Tempo Comum, onde se celebra a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo ( Cristo Rei). Em outras palavras, ele começa e termina quatro semanas antes do Natal, cumprindo sempre três ciclos: A, B,e C. No Ano (ou ciclo) A, predomina a leitura do Evangelho de São Mateus; no Ano (ou ciclo) B, predomina a leitura do Evangelho de São Marcos e no Ano(ou ciclo) C, predomina a leitura do Evangelho de São Lucas. O Ano Litúrgico é composto de diversos "tempos litúrgicos" e sua estrutura é a seguinte:
Tempo do Advento
Inicio: Primeiro Domingo do Avento
Término: 24 de dezembro, à tarde.
Esse tempo é dividido em duas partes: do início até o dia 16 de dezembro, a Igreja se volta para a segunda vinda do Salvador, que vai acontecer no fim dos tempos. A partir do dia 17 até o final, a Igreja se volta para a primeira vinda do Salvador, que se encarnou no ventre de Maria e nasceu na pobre gruta de Belém.
Duração do tempo: quatro semanas
Espiritualidade: esperança
Ensinamento: anúncio da vinda do Messias
Cor: Roxa
O terceiro Domingo é chamado Domingo "Gaudete", ou seja, Domingo da alegria. Essa alegria é por causa do Natal que se aproxima. Nesse dia, pode-se usar cor-de-rosa. É uma cor mais suave.
Personagens bíblicos mais lembrados nesse tempo: Isaías, João Batista e Maria.
O Símbolo mais comum desse Tempo é a Coroa do Advento, com quatro velas a serem acesas a cada Domingo.
Outras anotações: usa-se instrumentos musicais e ornamenta-se o altar com flores; porém, com moderação. A recitação do Hino de Louvor ( "Glória a Deus nas alturas") é omitida.
Tempo de Natal

Início: 25 de dezembro
Toda semana seguinte a esse dia é chamada Oitava de Páscoa. São dias tão solenes quanto o dia 25.
No primeiro Domingo após o dia 25 de dezembro, celebra-se a Festa da Sagrada Família; porém, quando o Natal do Senhor ocorrer no Domingo, a Festa da Sagrada Família se celebra no dia 30 de dezembro.
No dia 01 de Janeiro, celebra-se a Solenidade da Santa Maria, Mãe de Deus.
No segundo domingo depois do Natal( entre 2 e 8 de janeiro), celebra-se a Solenidade da Epifania do Senhor.
No domingo seguinte à Epifania ocorrer no Domingo 7 ou 8 janeiro, a Festa do Batismo do Senhor é celebrada na segunda-feira seguinte.
O Tempo do Natal termina com a Festa do Batismo do Senhor.
Cor: Branco
Espiritualidade: Fé, alegria, acolhimento
Ensinamento: O Filho de Deus se fez Homem
Símbolos: presépio; luzes
Tempo Comum (Primeira Parte)

Início: primeiro dia logo após a Festa do Batismo do Senhor
O Tempo Comum é interrompido pela Quaresma. Com isso, essa primeira parte vai até a Terça-feira de Carnaval, pois na Quarta-feira de Cinzas já começa o Tempo da Quaresma.
Cor: Verde
Espiritualidade do Tempo Comum: Escuta da Palavra de Deus.
Ensinamento: Anúncio do Reino de Deus

Tempo da Quaresma

Início : Quarta-feira de Cinzas
Término: Quinta-feira Santa de manhã
Espiritualidade: Penitência e conversão
Ensinamento: A Misericórdia de Deus
Cor: Roxa
O quarto Domingo é chamado "Laetare", ou seja, Domingo da Alegria. Semelhante ao terceiro Domingo do Advento, o quarto da Quaresma também é caracterizado pela alegria da Páscoa que se aproxima. Nesse dia, também pode-se usar paramento cor-de-rosa, que é uma cor mais suave.
O sexto Domingo da Quaresma é Domingo de Ramos na Paixão do Senhor. Nesse dia, a cor Vermelha. Também nesse dia, inicia-se a Semana Santa.
Observações para o Tempo da Quaresma: excetuando o Domingo "Laetare" ( Alegria), não se ornamenta o altar com flores e o toque de instrumentos musicais é só para sustentar o canto. Durante todo o Tempo, omite-se o Aleluia, bem como também o Hino de Louvor.
Triduo Pascal

Terminado a Quaresma na Quinta-feira Santa de manhã, a partir da tarde desse dia, começa o Tríduo Pascal: Quinta-feira Santa; Sexta-feira Santa e Sábado Santo.
Na Quinta-feira, à tarde, celebra-se a Missa da Ceia do Senhor e Lava-pés. A cor do paramento é Branca. Trata-se de uma Missa solene e deve-se ornamentar o altar com flores. Ao final da Celebração é feito o translado do Santíssimo Sacramento.
Na Sexta-feira Santa, celebra-se a Ação Litúrgica da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa celebração não é Missa. A cor é vermelha.
No Sábado Santo, à noite, celebra-se a Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias.
Tempo Pascal

Início: Primeiro Domingo da Páscoa
Toda a semana seguinte a esse dia é chamada Oitava de Páscoa. São dias tão solenes quanto àquele primeiro Domingo.
No sétimo Domingo da Páscoa, celebra-se a Solenidade da Ascensão do Senhor.
O Tempo Pascal termina com a Solenidade de Pentecostes
Espiritualidade do Tempo Pascal: Alegria em Cristo Ressuscitado.
Ensinamento: Ressurreição e vida.
Cor: Branca

Tempo Comum (Segunda Parte)

O Tempo Comum que havia sido interrompido pela Quaresma, reinicia na Segunda-feira após a solenidade de Pentecostes. No Domingo seguinte, celebra-se a Solenidade da Santíssima Trindade. Nesse dia, a cor é Branca.
Na Quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade, celebra-se a Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo ( "Corpus Christi").
A duração do Tempo Comum, contanto desde a primeira parte, é de 34 semanas. Na 34a semana, mais especificamente na véspera do Primeiro Domingo do Tempo do Advento, termina o Tempo Comum e, consequentemente termina aquele Ano Litúrgico, devendo, portanto, iniciar o outro como primeiro Domingo do Tempo do Advento.
O Tempo Comum também é chamado "Tempo Durante o Ano".

O que é Liturgia?


Liturgia vem do grego (litourgia) que, em sua origem, indicava a obra, a ação ou a iniciativa assumida livremente por um particular (indivíduo ou família) em favor do povo, do bairro, da cidade, do Estado. Com o passar do tempo a mesma obra, ação, iniciativa, perdeu quer por institucionalização, quer por imposição o seu caráter livre e, assim, passou a ser chamado de liturgia qualquer trabalho que fosse um serviço mais ou menos obrigatório prestado ao Estado ou à divindade (serviço religioso) ou a um particular.
Na tradução grega do Antigo Testamento (AT) chamada dos LXX, liturgia indica sempre, sem exceção, o serviço religioso prestado pelos levitas a Javé, primeiro na tenda e, depois, no templo de Jerusalém. No Novo Testamento (NT) - evangelhos e escritos apostólicos - esse termo não tem o mesmo sentido de culto como no AT, onde estava extremamente ligado ao culto do sacerdócio levítico, pois esse serviço não tem mais sentido no NT. Porém, reaparece nos escritos extrabíblicos de origem judaico-cristã, onde se refere claramente à Celebração da Eucaristia.
A Liturgia é ação (celebração) sagrada da Igreja, pela qual os fiéis glorificam a Deus e são santificados por ele, em Cristo, feita com palavras e sinais sensíveis. É uma reunião de pessoas pela fé em Jesus Cristo no Espírito Santo, povo sacerdotal, chamado por Deus a colaborar na salvação da humanidade.
A celebração litúrgica é entendida como um mistério, pois nela e por ela participamos da vida de Cristo. Celebrar a liturgia é fazer memória do mistério pascal da paixão, morte, ressurreição e gloriosa ascensão de Jesus Cristo, lendo ao mesmo tempo o livro da Bíblia e o livro da vida, anunciando a morte e proclamando a ressurreição de Cristo e do povo unido a ele.
Fazer memória é trazer para o presente um fato acontecido no passado, no qual se experimentou e reconheceu a ação salvífica de Deus por causa da aliança que realizou com seu povo, fazendo isso, temos a certeza de estarmos hoje participando deste mesmo acontecimento e de seus efeitos salvíficos.
O fato que rememoramos na celebração litúrgica é o mistério pascal de Jesus Cristo, ou seja, a sua paixão, morte, ressurreição e ascensão gloriosa, manifestação salvífica e amorosa do Pai para com a humanidade. Por isso, a cada liturgia dizemos: Anunciamos Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!

A Missa ou Celebração da Eucaristia é o ponto alto da liturgia.